Bad Bunny publica critica batidas do ICE em Porto Rico
Cantor publicou vídeo de operação do Serviço de Imigração nos EUA
Assim como os mais de cinco milhões de americanos que foram às ruas em todo o país no fim de semana como parte dos grandes protestos “No Kings”, Bad Bunny não está satisfeito com as ações recentes do governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
Em um vídeo postado em seu Instagram Stories na terça-feira (17), o cantor criticou uma operação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) em sua cidade natal, Porto Rico.
“Esses filhos da puta estão nesses carros”, pode-se ouvir Bad Bunny dizendo no vídeo em espanhol, sobre imagens de uma aglomeração de SUVs sem identificação bloqueando a rua e aparentemente prendendo algumas pessoas no que o cantor disse ser a Avenida Pontezuela, em Carolina, Porto Rico.
“Eles vieram aqui… Filhos da p*ta, em vez de deixar as pessoas em paz e trabalharem.”
Até o momento, não estava claro o que a filmagem publicada por Bad Bunny retratava, mas se a ação fazia parte das incursões intensificadas do ICE pelo governo Trump em todos os EUA, isso ocorreu depois que o presidente enviou mais de 4 mil membros da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais da ativa para Los Angeles — apesar das objeções do prefeito e do governador do estado — para reprimir o que têm sido protestos majoritariamente pacíficos contra as incursões do ICE naquela cidade.
Embora Trump tenha prometido remover criminosos que estejam nos EUA sem a documentação adequada, as incursões do ICE até agora têm como alvo um grupo muito maior de pessoas.
A NPR noticiou recentemente que as incursões em Porto Rico capturaram principalmente imigrantes dominicanos em ações que remontam à “longa história de racismo antidominicano” da ilha, com a discriminação racial possivelmente desempenhando um papel nas prisões.
A agente especial encarregada das investigações de segurança interna em Porto Rico, Rebecca González-Ramos, disse que agentes na nação insular fizeram batidas surpresa em hotéis e canteiros de obras, interrogaram pessoas nas ruas e pediram aos funcionários do departamento de veículos motorizados que entregassem os nomes e endereços de cerca de 6 mil pessoas que obtiveram carteiras de motorista sob uma lei favorável aos imigrantes que abriu privilégios de direção para pessoas sem status legal, segundo a NPR.
González-Ramos acrescentou que, até o momento, agentes do ICE em Porto Rico prenderam cerca de 500 imigrantes para deportação nos primeiros quatro meses do segundo governo Trump, dos quais menos de 80 tinham antecedentes criminais; três quartos dos presos eram cidadãos dominicanos.
Artistas protestam
Bad Bunny se junta a um coro crescente de artistas que criticaram as batidas do ICE. No fim de semana, Olivia Rodrigo publicou suas reflexões sobre as deportações do ICE, dizendo: “Morei em Los Angeles a vida toda e estou profundamente chateada com essas deportações violentas dos meus vizinhos sob o governo atual. Los Angeles simplesmente não existiria sem imigrantes.”
Addison Rae também disse estar “muito decepcionada e perturbada com o que está acontecendo em nosso país. Este país não poderia existir sem imigrantes. Todo ser humano merece o direito de existir em um ambiente que o faça se sentir seguro, amorosamente protegido e acolhido.”
Finneas alegou ter sido atacado com gás lacrimogêneo durante um protesto pacífico em Los Angeles no início deste mês, escrevendo: “Foda-se a ICE… Se você está nessa merdaa fascista, você é pequeno e fraco e vai perder.”
Billie Joe Armstrong, do Green Day, também criticou o ICE, além de Katy Perry, que chamou as batidas de “enorme injustiça”, enquanto Shakira disse que vive em “medo constante” como imigrante nos EUA.
Outros que protestaram contra as ações em Los Angeles incluem Tyler, the Creator, The Game, Kehlani, Tom Morello, Reneé Rapp e Rebecca Black.
No início deste mês, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, processou o governo Trump para pôr fim ao que ele chamou de “tomada ilegal e desnecessária de uma unidade da CalGuard, que escalou desnecessariamente o caos e a violência na região de Los Angeles”.
O processo cita Trump, o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o Departamento de Defesa, em um documento que descreve “por que a tomada de poder viola a Constituição dos EUA e excede a autoridade do Presidente sob o Título 10, não apenas porque a tomada de poder ocorreu sem o consentimento ou a contribuição do Governador, como exige a lei federal, mas também porque foi injustificada”.
Trump respondeu no fim de semana dizendo que o ICE deve “expandir os esforços para deter e deportar imigrantes ilegais nas maiores cidades dos Estados Unidos, como Los Angeles, Chicago e Nova York, onde residem milhões e milhões de imigrantes ilegais”, cidades que o presidente descreveu como “o núcleo do Centro de Poder Democrata”.